segunda-feira, 24 de novembro de 2008

só sei que é assim

escrever sobre o amor é sempre algo complicado. talvez porque seja muito revelador. talvez porque tantos já o fizeram com maestria. talvez porque sofrer por amor seja pauta desde a idade média ou porque o amor recíproco feliz seja coisa de mulherzinha. talvez seja por um bocado de coisas. a questão é que não importa esse tal bocado de coisas, as pessoas continuam insistindo em falar da 'fumaça formada pelo suspiro dos amantes'.
a busca por definições, explicações, por histórias cada vez mais belas - seja por quem escreve ou por quem ler sobre o amor - é um fascínio inerente a nós, mortais que também insistem 'cair de amor'. não basta vivê-lo, precisamos entendê-lo.
precisamos? sim. porque o não-saber nos deixa loucos. não entender porque diabos a barriga parece ter um monte de borboletas enlouquecidas ou porque o sorriso acontece tão espontâneo e difícil de se evitar quanto um espirro.
o fato de não sabermos as razões para tal inexplicação nos deixa assim: escrevendo besteiras na internet para qualquer um ler.
às vezes somos um tanto quanto bobos ao procurar respostas nas obras dos poetas, escritores, artistas. eles também não sabem os mistérios do amor, apenas fingem que sabem. fingem e acreditam no próprio fingimento. e acho que no fundo, nós também sabemos que fingimos que acreditamos no fingimento deles. porque suas palavras nos confortam, porque suas palavras nos levam a acreditar que pelos menos alguém no mundo conseguiu definir algo da essência metafísica. mas não. eles não conseguiram. no máximo, chegaram muito perto.
porque, se Deus (ou qualquer força maior) realmente existe, guardou as explicações acerca do amor e de seus mistérios e definições muito bem guardados para que o homem jamais possa descobrí-los. para que jamais se perca a beleza do desconhecido. para que algo tão belo não vire objeto de estudo de uma sala de laboratório com um microscópio e um quadro cheio de equações matemáticas.
sábio mesmo foi aquele quem disse 'só sei que nada sei' e tão sábio quanto foi aquele que disse 'não sei só sei que foi assim'.
porque é esse o fado do amor e dos seus seguidores: nunca saber sua razão, mas vivê-la.

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