Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa,
são bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas
quando um deus sonso e ladrão
(...)
Saiba que os poetas como os cegos podem ver na escuridão
(Chico Buarque e Edu Lobo)
porque tem certas coisas que nos causam uma reação estranhamente boa. versos como esses são exemplo de um estramento gostoso, como cócegas por dentro.
é uma agoniazinha que todo mundo já sentiu, sem dúvidas. dá vontade de rir, de gritar e de se mexer loucamente ao mesmo tempo, no entando, você fica parado, sem reação.
as cócegas normais já são assim, estranhas. algo que te 'incomoda', mas que te faz rir loucamente.
as cócegas por dentro são parecidas, mas não 'incomodam'. jamais incomodarão. porque elas sempre vêm em momentos deliciosamente inoportunos.
quando, por exemplo, você abre uma página qualquer na internet e lê versos assim, que te deixem leves e felizes à toa. ou quando você liga o rádio e toca um samba bom. ou quando você olha o céu e percebe como foi tolo em preferir andar olhando para o chão.
ou quando seu sorriso se encontra com outro, numa harmonia quase ensaiada.
coisas boas são como um asovio. aparentemente simples, mas que todo mundo sabe quantas horas teve que ficar fazendo biquinho e soprando pra sair som.
:)
sábado, 13 de dezembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
só sei que é assim
escrever sobre o amor é sempre algo complicado. talvez porque seja muito revelador. talvez porque tantos já o fizeram com maestria. talvez porque sofrer por amor seja pauta desde a idade média ou porque o amor recíproco feliz seja coisa de mulherzinha. talvez seja por um bocado de coisas. a questão é que não importa esse tal bocado de coisas, as pessoas continuam insistindo em falar da 'fumaça formada pelo suspiro dos amantes'.
a busca por definições, explicações, por histórias cada vez mais belas - seja por quem escreve ou por quem ler sobre o amor - é um fascínio inerente a nós, mortais que também insistem 'cair de amor'. não basta vivê-lo, precisamos entendê-lo.
precisamos? sim. porque o não-saber nos deixa loucos. não entender porque diabos a barriga parece ter um monte de borboletas enlouquecidas ou porque o sorriso acontece tão espontâneo e difícil de se evitar quanto um espirro.
o fato de não sabermos as razões para tal inexplicação nos deixa assim: escrevendo besteiras na internet para qualquer um ler.
às vezes somos um tanto quanto bobos ao procurar respostas nas obras dos poetas, escritores, artistas. eles também não sabem os mistérios do amor, apenas fingem que sabem. fingem e acreditam no próprio fingimento. e acho que no fundo, nós também sabemos que fingimos que acreditamos no fingimento deles. porque suas palavras nos confortam, porque suas palavras nos levam a acreditar que pelos menos alguém no mundo conseguiu definir algo da essência metafísica. mas não. eles não conseguiram. no máximo, chegaram muito perto.
porque, se Deus (ou qualquer força maior) realmente existe, guardou as explicações acerca do amor e de seus mistérios e definições muito bem guardados para que o homem jamais possa descobrí-los. para que jamais se perca a beleza do desconhecido. para que algo tão belo não vire objeto de estudo de uma sala de laboratório com um microscópio e um quadro cheio de equações matemáticas.
sábio mesmo foi aquele quem disse 'só sei que nada sei' e tão sábio quanto foi aquele que disse 'não sei só sei que foi assim'.
porque é esse o fado do amor e dos seus seguidores: nunca saber sua razão, mas vivê-la.
a busca por definições, explicações, por histórias cada vez mais belas - seja por quem escreve ou por quem ler sobre o amor - é um fascínio inerente a nós, mortais que também insistem 'cair de amor'. não basta vivê-lo, precisamos entendê-lo.
precisamos? sim. porque o não-saber nos deixa loucos. não entender porque diabos a barriga parece ter um monte de borboletas enlouquecidas ou porque o sorriso acontece tão espontâneo e difícil de se evitar quanto um espirro.
o fato de não sabermos as razões para tal inexplicação nos deixa assim: escrevendo besteiras na internet para qualquer um ler.
às vezes somos um tanto quanto bobos ao procurar respostas nas obras dos poetas, escritores, artistas. eles também não sabem os mistérios do amor, apenas fingem que sabem. fingem e acreditam no próprio fingimento. e acho que no fundo, nós também sabemos que fingimos que acreditamos no fingimento deles. porque suas palavras nos confortam, porque suas palavras nos levam a acreditar que pelos menos alguém no mundo conseguiu definir algo da essência metafísica. mas não. eles não conseguiram. no máximo, chegaram muito perto.
porque, se Deus (ou qualquer força maior) realmente existe, guardou as explicações acerca do amor e de seus mistérios e definições muito bem guardados para que o homem jamais possa descobrí-los. para que jamais se perca a beleza do desconhecido. para que algo tão belo não vire objeto de estudo de uma sala de laboratório com um microscópio e um quadro cheio de equações matemáticas.
sábio mesmo foi aquele quem disse 'só sei que nada sei' e tão sábio quanto foi aquele que disse 'não sei só sei que foi assim'.
porque é esse o fado do amor e dos seus seguidores: nunca saber sua razão, mas vivê-la.
sábado, 15 de novembro de 2008
mexe, remexe
se há, no mundo, coisa mais inebriante que a música, esqueceram de me avisar. e peço, por favor, que não avisem. sinto-me bem assim. acho que seria audácia querer mais do que o prazer dos acordes podem me dar. seria prepotência querer mais que o transe e a sensação de liberdade que dá quando as primeiras notas soam. me sinto bem assim, não preciso de mais.
deixa que se escute, toda a música possível no mundo. e deixa o corpo mexer. mexer e remexer. involutariamente, como o músculo do coração.
deixa, nos momentos tristes e felizes, que a música seja minha cachaça. deixa-me embriagar sem culpa.
ao contrário do que dizem, a vida não é nem um pouco curta e precisa de uma bela e longa trilha sonora.
deixa que se escute, toda a música possível no mundo. e deixa o corpo mexer. mexer e remexer. involutariamente, como o músculo do coração.
deixa, nos momentos tristes e felizes, que a música seja minha cachaça. deixa-me embriagar sem culpa.
ao contrário do que dizem, a vida não é nem um pouco curta e precisa de uma bela e longa trilha sonora.
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